Hoje acordei com vontade de ser. De não ser eu, de ser ele. De ser aquela que o mundo não conheceu. Ser quem sabe uma folha, que voa sem destino, verde ou amarelada, sem saber qual a próxima parada. Ser aquela que não sou, aquela que não sonhou, apenas foi e realizou. Quem sabe assim fosse mais fácil, quem sabe eu seria um pássaro, como todos aqueles que pelo céu já passaram. A vida seria diferente, com certeza muito mais rente, poderia ser vermelha, azul ou branca, como uma coelha. O mundo não seria preto e branco, nem ao menos colorido, seria muito mais do que este fluído. Porem não sou. Nem uma folha, nem um pássaro e nem uma coelha, não sou verde nem amarela, também não sou vermelha. Eu sou eu, e não mudei. Ou mudei, mas não a mudança que gostaria ter mudado. Sou aquela que o mundo conheceu, pois a que não conheceram, nunca existiu. E falando no mundo, ele continua povoado pelos que apenas sonham, continua não tão fácil. Ele é fluído, as vezes colorido, mas na maioria das vezes, é preto e branco. Ele é franco. Mas em compensação, possivelmente em um ato de desilusão, me tornei ele. Aquele que não queria ser, que por muito quis ver e esquecer. Me tornei a minha parte, nem por inteiro, nem pela metade. Sou apenas parte.